“As línguas de contrabando são um pouco de tudo isso: elas são queridas, adoradas, são propriedade daqueles que se creem seus depositários. Elas são uma música, uma melodia, um embalar; são invocadas ou convocadas para consolar ou para sustentar grandes indignações, sagradas e ridículas indignações. Escondidas do olhar alheio, parecem ter mais relação com o olho que vê do que com o ouvido que escuta. Mas o contrabandista é raramente consciente daquilo que porta. Ele é como um fraudador que, quando chega na alfândega, se dá conta com horror de que carregava, com toda boa intenção, mercadorias que de pronto, sob o olhar indignado ou inquisidor do outro, se revelam proibidas. Contrabandista sem o saber, esse homem não usa jargões, mas em sua escritura aparecem, como com Albert Cohen, que escrevia em francês – e com que elegância –, elementos de uma língua que há muito não se usa mais. Assim, como filigranas, o natural de Corfu ou o crioulo, o parisiense de Belleville ou o italiano, o alsaciano, o espanhol ou o árabe, vêm marcar com seu selo um estilo, dotando-o de um perfume incomparável. Desse modo, tal literatura, ou deveríamos dizer toda a literatura, irá carregar nas páginas mais sublimes ou nas mais banais, nas mais preciosas ou nas mais clássicas, paisagens e perfumes, barbarismos e os termos em desuso que testemunham e palpitam com vivacidade esta coisa atapetada no mais profundo da nossa subjetividade: a língua de contrabando.” Jaques Hassoun
Peso: | 0,211 kg |
Número de páginas: | 146 |
Ano de edição: | 2023 |
ISBN 10: | 6555067535 |
ISBN 13: | 9786555067538 |
Altura: | 21 |
Largura: | 14 |
Comprimento: | 1 |
Edição: | 1 |
Idioma : | Português |
Tipo de produto : | Livro |
Assuntos : | Literatura Estrangeira |
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