Ao afirmar que “tudo o que não é a vida é teatro”, Manoel de Oliveira sublinha a dimensão de “espetáculo” que constitui a existência humana, ou seja, a possibilidade que ela oferece de ser olhada, interpretada e, se não compreendida, pelo menos interrogada e acolhida. A condição dessa leitura, desse diálogo entre o artista que olha e a realidade que se dá a ver, reside, segundo o cineasta, na necessidade da encenação, da composição “teatral” do mundo segundo ritos e códigos que façam emergir, no ser misterioso e inefável das coisas, o seu significado possível e tangível. É, pois, uma certa visão do mundo – para além de uma específica forma de representação – aquilo que nos oferece o cinema “teatralizado” de Oliveira, uma visão necessariamente codificada e não “resolvida”, onde as imagens são a presença fantasmagórica e atraente do invisível, o seu registo volátil e interpelador. Jean Luc Godard disse que só há dois tipos de cinema, o documentário realista e o teatro, e que ao mais alto nível, no caso dos grandes realizadores, eles são uma e a mesma coisa. Ao defender que “o artista avança no sentido da verdade, mas relata a ficção, isto é, o que imagina”, Oliveira confirma o valor autenticamente criativo dessa fusão entre realidade e encenação, assim esclarecendo boa parte daquilo que o move como cineasta. Dada a sua longa experiência nos âmbitos dramatúrgico e cinematográfico, bem como a obstinada investigação e o permanente zelo na exploração da obra do mestre, Renata Soare
Peso: | 0,306 kg |
Número de páginas: | 216 |
Ano de edição: | 2018 |
ISBN 10: | 8527311291 |
ISBN 13: | 9788527311298 |
Altura: | 22 |
Largura: | 12 |
Comprimento: | 1 |
Edição: | 1 |
Idioma : | Português |
Tipo de produto : | Livro |
Assuntos : | Cinema e TV |
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